quinta-feira, 28 de abril de 2011

2. Mancha de Sangue - Livro Um

2. Mancha de Sangue.

Quando acordei, Alec não estava mais no quarto.
Pude imaginar meu pai o botando para fora assim que acalmou mamãe.
Suspirei resignada e coloquei minhas longas pernas para fora da cama.
Fiquei cambaleante por alguns momentos, mas logo voltei ao normal e fui em direção ao banheiro.
Suspirei de novo, desta vez de tristeza, eu sempre brigara com Raphael para ver quem ficaria com o banheiro primeiro. Eu agora não tinha mais porque brigar e sentia falta dessas brigas bobas.
 Escovei os dentes e fui tomar um rápido banho e depois sequei meu cabelo.
Depois de voltar para o quarto fui escolher uma roupa no meu armário. Optei por um vestido xadrez e uma sapatilha azul escura.
Olhei-me no espelho e instantaneamente reparei na tristeza de meu olhar sem brilho nenhum. Eu odiava ter que ficar sem meu Raphael, meu gêmeo! Odiava os Volturi!
No meu acesso de raiva quebrei o espelho com minha mão. A dor lacerante me atingiu e eu segurei-a. Minha mão estava cortada por causa do vidro e sangrava.
Sangrava muito!
Era realmente uma droga que eu não tivesse a cura instantânea! Ter eu tinha, mas demorava um pouco.
A dor continuava queimando minha mão sangrenta e eu serrei os lábios para não gritar.
Respirei fundo e tentei me acalmar. Eu tinha que pegar um pano para cobrir e limpar aquele sangue.
Mas, eu sabia que em breve, a cura iria me atingir.
Fechei os olhos por um momento e quando os reabri, minha mão estava perfeita - fora o sangue que ainda a molhava.
Bem, minha cura podia demorar algum tempo, mas era melhor do que as dos lobos. Como eu tinha também os genes de vampiros, minha pele ficava perfeita, sem nenhuma cicatriz.
Minha mão estava curada, mas todo o sangue que eu derramara estava no espelho e no chão, formando uma pequena poça.
— Droga! - eu disse frustrada.
— Ah, você já acordou Sophi... - ia dizendo minha mãe ao entrar no quarto, mas parou quando viu todo o sangue.
— Ai meu Deus do céu! Você está bem, Sophie? - perguntou ela e correu até mim.
— Sim... eu só bati no espelho... sem querer. - menti. Mamãe que continuava olhando para minha mão ainda ensanguentada me olhou.
— Sem querer? - assenti, mesmo sabendo que ela sabia que era mentira.
Após um tempo se certificando de que eu estava bem, ela suspirou e disse:
— Vou pegar um pano para limpar todo esse sangue. - disse ela e desapareceu pela porta de meu quarto.
Ouvi lá embaixo que ela procurava um pano para limpar e também ouvi um choro baixinho.
Meus olhos também se encheram de lágrimas, mas eu não as deixei escapar.
Depois de uns minutos, mamãe subiu as escadas e entrou em meu quarto com um pano e alguns produtos para limpeza em suas mãos.
Os olhos vermelhos indicavam que ela estava chorando.
— Deixe que eu limpo. - eu me ofereci. Nessie só balançou a cabeça negativamente.
— Mamãe...
— Vá sair de casa um pouco, Sophie. Alec a está esperando na casa principal. Vá. - era uma ordem.
Fiquei mais um instante, mas depois sai.
Não parei de correr enquanto descia as escadas e nem enquanto eu não chegasse à mansão Cullen.
Quando lá cheguei, Alec arregalou os olhos vendo minha mão - que eu ainda não limpara - ensanguentada.
Não deixei que ele falasse nada. Enterrei minha cabeça em sua omoplata e chorei.
Alec tentava me acalmar, mas eu não queria ser acalmada, queria abafar a dor que eu sentia dentro de mim.
Não sei como Alec pôde ser um Volturi. Eles eram crueis, me faziam sofrer.
— Sophie...
Sua voz foi abafada pelos meus soluços.
— Se acalme! - ele disse me balançando com força. - Se acalme!
Olhei nos seus olhos vermelhos. Eles demonstravam o amor e a preocupação que sentia por mim, mas olhar para aqueles olhos me lembrava de que ele já foi um deles.
Passado é passados, Sophie” eu disse a mim mesma. “Você não pode mudá-lo. Infelizmente, não pode.”

— Sophie, o que aconteceu com a sua mão? - perguntou Carlisle.
Eu nem tinha notado a sua presença. Não só a dele, a de todos os Cullens.
— Querida, você está bem? Se machucou? - perguntou Esme.
— Sophie minha querida, não fique assim. - disse tia Rose.
Olhei para todos os rostos sem conseguir responder nada.
— Sophie... Nessie está bem? - perguntou Bella.
Apenas balancei a cabeça negativamente.
Ela olhou para Edward e ele assentiu.
— Vamos lá. - disse ela.
Ao passar me deu um abraço e um beijo, meu avô repetiu o gesto.
— Sophie... O que aconteceu com sua mão? - perguntou Alec.
— Eu... quebrei o espelho.
Exasperado, Alec balançou a cabeça.
— O sangue já estancou... não tem mais nada na minha mão, eu só preciso lavá-la.
— Venha monstrinha segunda. - disse Emmet.
Ele me ajudou a levantar e eu senti-me calma.
Olhei para Jasper silencioso em um canto e agradeci.
Depois que eu lavei minha mão - e finalmente não tinha mais nenhum vestígio de sangue - voltei para a sala.
Recostei-me no sofá em silêncio. Para minha surpresa Alec não veio até mim, ficou parado de pé em frente à parede de vidro.
Seu rosto era inexpressivo, tal como seus olhos taciturnos.
— Alec. - chamei, mas ele não se virou para mim.
O que ele tinha?
— Alec. - chamei de novo, mas ele nem se moveu.
Eu não tinha mais nenhuma lágrima a derramar, por isso fiquei em silêncio até que ele veio até mim e me abraçou, escondendo sua bela face em meus cabelos negros.
Abracei-o e inspirei seu magnífico cheiro.
Ele se afastou após alguns minutos e foi para a porta da frente.
— Aonde vai? - perguntei a ele, mas Alec já estava longe.
Afundei mais no sofá e senti o abraço silencioso de Rosalie.
Recostei em seus braços frios e fechei os olhos.

Alec.

Eu não conseguia ver Sophie triste, meu coração morto parecia se apertar.
Sai da sala para não ver mais seu rosto banhado em lágrimas e também para não lembrá-la.
Sei que quando ela me olhou nos olhos, se lembrou dos Volturi, se lembrou do monstro que eu era.
Fui para um dos penhascos quileutes, já que agora tínhamos a permissão de entrar em seu território.
Sentei-me na beira e olhei para o céu.
Olhando para aquele céu sem nuvem alguma - um milagre por estarmos em Forks à cidade mais chuvosa - eu me lembrei de minha vida humana.
Lembrei-me de como Jane e eu fomos julgados a fogueira e de quem nos salvou.
Por que eles não nos deixaram morrer? Por que tinham que nos transformar em monstros?
Mas, eles não eram inteiramente culpados - não, eu também era.
Jane e eu fomos escolhidos por ele com apenas 15 anos por causa de nossos dons. Até pouco tempo nós éramos as preciosidades de Aro. Até que fugimos do palácio.
Sim, eu culpava a mim. Culpava a meu dom.
Mesmo ele podendo salvar muitas pessoas, tudo o que fiz foi usá-lo em prol da morte de todos aqueles vampiros e humanos - quando me sentia generoso -, por vezes inocentes.
Realmente a culpa era minha, talvez eu realmente fosse um bruxo como humano e agora tivesse que pagar por ter nascido me tornando um monstro.
Levantei-me da beira e tomei impulso, saltando logo em seguida.
Eu sabia que não podia morrer, mas ainda assim...
Quando pulei o ar fugiu de meus pulmões. A queda foi curta e logo em seguida eu cai na água gelada.

Sophie.

O pôr do sol caia quando Alec voltou para a casa principal todo molhado.
Seus olhos carmesins eram tristes.
— Onde estava? - perguntei preocupada.
— Na reserva. - respondeu sem olhar para mim.
— Alec... - eu ia começar, mas o que dizer?
Meu vampiro suspirou e voltou seu olhar para o meu.
Ele correu para me abraçar, me encharcando.
Beijei a base de seu pescoço e suspirei.
— Desculpe. - murmurou enquanto beijava minha testa. - Eu não deveria ter saído daquele modo.
— Tudo bem. - eu disse baixinho.
Ele içou meu queixo e beijou meus lábios. Os seus eram famintos.
Não sei quanto tempo ficamos nos beijando, mas sei que foi muito. Muito até que alguém nos interrompeu.
— Ei, parem com toda essa doçura, dá nojo. - disse Emmet.
Fuzilei-o com o olhar pela interrupção.
— Que? - perguntou.
Revirei os olhos e me voltei para Alec.
— Vamos para casa? - perguntei. - Tenho que falar com mamãe.
— Vamos.
Sorri para ele, mas o sorriso não chegava aos meus olhos.
— Até logo. - me despedi de todos.
— Até a noite. - disse Alec.
Todos responderam, menos Jane...
— Ei, pera aí! Cadê a Jane? - perguntei.
— Está no hospital fazendo alguns exames, logo ela estará de volta. - disse Carlisle.
— Tem alguma coisa errada com o bebê? - perguntei temendo a resposta.
Carlisle riu para minha descontração.
— Não, nada de errado. São exames de rotina e demoram um pouco, nada mais que isso, Sophi. Não se preocupe.
Assenti e Alec e eu saíamos pela porta.

Ao chegar em casa, Alec parou na soleira da porta.
— Não vai entrar? - perguntei.
— Não. - respondeu ele e eu fiquei decepcionada.
— Por quê?
— Porque você tem que falar com sua mãe a sós, Sophie. Eu volto mais tarde, assim que buscar Jane no hospital e... é claro me trocar. - ele sorriu.
— Tudo bem, então. - disse triste.
Alec me beijou e depois sumiu por entre as árvores que margeavam nossa casa.
Suspirei e toquei meus lábios, entrando em casa.
— Mamãe? - chamei.
Ninguém respondeu e eu fui lá em cima para ver se ela estava em casa.
Nessie estava dormindo tranquilamente no seu quarto.
Sorri e lhe dei um beijo na testa.
Fui na ponta do pé para meu quarto não querendo acordá-la.
O chão estava limpo, mas o espelho ainda estava quebrado.
Manchas do meu sangue estavam entre as lascas de vidro.
No meu rosto, principalmente. No meu rosto que já fora marcado para o próximo a ser sangrado.
Sangrado pelos Volturis, que viriam me buscar também. Disso eu sabia.

1. Metade Perdida - Livro Um

1. Metade Perdida

Fazia apenas uma semana.
Uma semana que os vampiros que nos ajudaram foram embora. Uma semana ele foi levado. Raphael, meu irmão gêmeo.
Parte de mim fora com ele, pois eu não era mais completa. Ninguém era.
Não sei como Raphael pôde se deixar levar pelos Volturi, sei que provavelmente ele deve ter lutado e ter sofrido - eu senti a dor dele -, mas mesmo assim, ele devia ter lutado mais.
Todos sentíamos falta dele. Principalmente mamãe e Jane.
Seus sorrisos brilhantes, o amor que ele sentia por todos nós, seu ombro que por tantas vezes eu usei - quando mamãe não percebia - para desabafar... Tudo foi tirado de nós.
Mamãe nunca mais foi feliz e eu sabia que ela tinha prometido a ela mesma que ia encontrar Raphael e se vingar dos Volturi. Será que não era tarde demais?
Alec disse que Aro devia ter usado Chelsea - uma vampira com poderes de criar ou afrouxar laços sentimentais entre vampiros e humanos - para ligar meu irmão a eles.
Jane não podia nem ouvir o nome Raphael, caia em prantos. Ela estava grávida, por isso as lágrimas realmente caiam de seus olhos.
Sim, eu sei que vampiros não podem ter filhos, mas Jane pôde. Carlisle disse que isso foi por causa do sêmen de Raphael, que conseguia fertilizar e mudar o DNA de vampiras - durante a gestação apenas - para que elas possam ter filhos.
Rosalie que tinha ficado esperançosa ao saber que Jane conseguira ficar grávida ficara praticamente inconsolável quando Carlisle explicou o porquê de Jane ficar grávida.
Como só havia Raphael de nossa espécie, Rosalie não ia poder ser fertilizada, ao menos que houvesse outros homens de nossa espécie por ai.
Eu estava feliz - mesmo devido às circunstâncias - por ser tia.
Minha cunhada não quis saber o sexo do bebê, por isso eu não sabia se ia ser tia de um menino ou de uma menina.
Somente Alice sabia o sexo do bebê e jurara segredo. Ela quis saber para já ir comprando tudo que ele iria necessitar.
Quando lhe perguntei se era menino ou menina ela me fitou e disse:
— Vai ser uma surpresa!
Revirei meus olhos negros para ela e implorei que ela me dissesse. Alice se recusou terminantemente de dizer qualquer coisa, por isso eu desisti e resolvi esperar.
A única fonte de felicidade de Jane era esse bebê. Eu sabia que se não fosse por ele, ela estaria totalmente destruída e pedindo para ser morta.
Eram assim os imprinting e, Jane tinha tido um tipo de imprinting vampiresco por Raphael.
E Alec por mim.
Ah... Alec!
Só de pensar nele eu via coraçõezinhos ao meu redor e uma alegria me preenchia. Como eu o amava!
Toquei meu anel de noivado que ele me dera. O anel ainda estava no bolso de minha calça jeans. Não, eu não tinha tido coragem para contar aos meus pais que ia me casar.
Mamãe não estava bem e Jacob iria surtar.
Eu me arrependia pelo modo como tratava minha mãe. Ela precisava de todo o meu apoio e eu não dera, mas agora era diferente. Eu aprendi a valorizar mais minha mãe.
Debrucei-me mais na varanda e expirei o ar que cheirava a sol e a flores. Um cheiro doce também entrava por minhas narinas. Era o melhor cheiro do mundo. Era o cheiro do meu...
— Sophi. - chamou Alec atrás de mim. - No que está pensando?
Me virei para olhá-lo e um suspiro saiu por meus lábios.
Alec era lindo. Completamente lindo com seu jeito sedutor de falar, com seus cabelos negros sedosos e com os lábios carnudos. Seu jeito de bad boy me deixava cada dia mais apaixonada.
Os olhos carmesins que me fitavam agora demonstravam preocupação e amor. Ambos os sentimentos por mim.
— Em tudo. - respondi e fui me aninhar naqueles braços fortes que me transmitiam segurança.
Recostei minha cabeça em seu peito e pude sentir sua respiração calma e nada mais.
— E esse tudo me inclui? - perguntou ele. Mesmo sem ver pude perceber que ele sorria.
— Você é o tudo. - respondi e sorri também.
Seus lábios me beijaram o alto da cabeça e seus braços me apertaram mais contra si.
Levantei a cabeça e fechei os olhos. Alec entendeu de pronto o que eu pedia e encostou seus lábios nos meus.
Nosso beijo foi primeiramente calmo, mas a urgência chegou até nós e nosso beijo foi ficando cada vez mais... cada vez mais...
Alguém limpou a garganta e eu me afastei de Alec e de seus lábios gelados que me chamavam.
Papai nos encarava furioso.
— Jacob. - cumprimentou Alec educadamente.
— Oi sanguessuga. - disse meu pai com os olhos estreitados. - O almoço tá na mesa, Sophie.
Assenti e segurei na mão de meu namorado - noivo - até a cozinha.
Jake murmurou algo ininteligível enquanto passávamos e balançou a cabeça.
Já mamãe sorriu - um sorriso triste - quando nos viu de mãos dadas. Ela estava com uma travessa de arroz nas mãos.
— Olá, Alec. - ela sorriu para ele.
Outro motivo por eu ter implicado tanto com minha mãe era que eu sabia o que tinha acontecido entre os dois. Sabia que eles tinham se beijado e que Alec a amou.
Se eu era ciumenta? A resposta é sim.
— Acho que não vai se juntar a nós na refeição. - afirmou ela e Alec concordou.
— Completamente certa, Nessie.
Eles trocaram um sorriso cúmplice, mas o de mamãe foi tão apagado quantos seus olhos castanhos.
Eu ajudei-a arrumar a mesa enquanto papai fazia a salada. A única coisa que ele sabia cozinhar.
Depois nos sentamos à mesa. Alec também se sentou do meu lado, mas a cada garfada que eu dava, ele fazia uma careta de nojo.
Ninguém conversou enquanto almoçava. Eu só olhava para Alec e ele para mim. Papai só olhava para mamãe, que por sua vez olhava para o prato cheio a sua frente, perdida em pensamentos. Pensamentos que estavam na Itália.
Eu ainda não sabia por que não tínhamos já comprado uma passagem de avião para ir até Raphael em Volterra.
Alec me explicara que os Volturi eram muito mais fortes do que nós, mesmo que tivéssemos ganhado a batalha.
Ele me disse que só saímos vitoriosos porque a guarda na verdade não era a mais forte dos Volturi, e sim aquela que eles usavam quando tinham que sacrificar alguém.
Além do mais, ele me dissera que era perigoso que os Volturi também sequestrassem Jane, por estar com um filho no ventre.
Eu entendia - em parte -, mas eu ainda queria fazê-los pagar.
Mamãe devia estar pensando o mesmo que eu, pois largou o garfo com força no prato intacto e subiu, chorando.
Eu já ia me levantando para consolá-la quando meu pai foi mais rápido e enquanto corria para o quarto do casal, disse para mim:
— Não se preocupe... eu cuido dela. Acabe de comer.
Suspirei e olhei para meu prato com frustração. Minha fome - que não era muita - tinha se esvaído com o acesso de choro de Nessie.
Doía em mim pensar que ela estava sofrendo.
Alec me puxou pela cintura e eu sentei em seu colo.
— Ah, Alec! - suspirei e encostei minha cabeça em seu ombro.
Lá mesmo eu chorei de dor e de saudade.
— Shhhh... não chore Sophie. - disse ele me acariciando os cabelos.
Mas, como eu poderia não chorar?
Meu irmão fora sequestrado e eu estava imponente, não podia fazer nada, absolutamente nada.
Alec me segurou nos braços e subiu as escadas, me levando para meu quarto.
Ele me deitou em minha cama e deitou-se ao meu lado, cantando com sua voz maravilhosa uma música que cantava desde que me segurara no colo pela primeira vez.
Olhei para a outra parte de meu quarto.
A parte de Raphael.
Estava vazia sem ele e sempre que eu a olhava me vinha uma sensação de solidão.
E de saudade. Eu queria meu irmão gêmeo perto de mim.
Minha metade perdida.
Mais lágrimas escorreram por meu rosto e me aconcheguei mais em Alec, deixando-me abraçar e ser tranquilizada.
O pôr do sol me tocou naquele momento e eu olhei para o sol, desejando que Raphael aparecesse lá fora me chamando para brincarmos como quando fazia quando éramos apenas crianças.
Enlaçada nos braços de Alec me permiti ter esperanças.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Prólogo

Prólogo

Sophie.

Eu corria desesperadamente.
Ao meu redor tudo era um pandemônio.
Árvores em chamas caiam e o ar cheirava a queimado.
Os vampiros também corriam e lutavam. Por pouco, chamas não os tocavam.
Outra árvore caiu e fechou o meu caminho,
Eu tinha que achar uma saída depressa ou acabaria sendo morta.
Consegui achar uma saída, mas já era tarde demais.
Ele cruzou meu caminho.
— Olá, Sophi. - disse ele com um sorriso afável no rosto. - Como vai, maninha?
Suspirei e fechei os olhos.
O que eu faria agora? Por Deus, eu não podia matá-lo!
Ele era meu irmão!
— Raphael... - tentei dizer, mas o que eu diria? “Tente mudar de ideia, volte para nós”?
Seus olhos negros crueis me davam a resposta.
Ele não era mais um Cullen. Raphael era um Volturi agora.
Era assim que eu o devia tratar. Era assim que eu o trataria. Mas... Como?

Alec.

Tudo a nossa volta era uma confusão. Eu quase não podia mais enxergar com a densa fumaça que tinha a minha volta. O ar - para um humano - era mortal;
Eu tinha que correr para achar Sophie, mas como achá-la em meio a tanta confusão?
Da última vez que eu a vi, meu amor, estava correndo em direção ao penhasco.
Será que era lá que ela se encontrava?
Decidi arriscar a sorte e comecei a correr para lá.
Parei quando a vi.
Não, os vi.
Ambos estavam caindo. Caindo em direção ao fogo.
— Sophi! - gritei.
Ela também gritou.
Corri e pulei para salvá-la.
Nós dois íamos direto para o fogo, quando ela fez. Nos teletransportou enquanto Raphael continuava caindo.

Jane.

Eu tentava proteger meu filho enquanto aquela confusão não se esvaia.
Meu bebê que não tinha nem um ano estava tossindo e chorando de medo. Eu tentava segurá-lo e acalmá-lo, mas a revolta não dava trégua.
Um galho em chamas quase nos acertou e eu gritei.
Meu bebezinho chorou ainda mais e quase engasgou.
Eu queria fugir dali, ou pelo menos deixar meu filho em segurança, mas como? Onde havia segurança em uma floresta devastada pelo fogo?
Na mesma floresta que meses antes Raphael fora sequestrado?! Não, eu não podia deixar meu filho a mercê dos Volturi. Isso incluía seu pai.
— Sophi! - ouvi o grito de Alec chamando por sua alma gêmea.
Sophie também gritou, junto com meu Raphael.
Os dois caiam em direção ao fogo.
Soltei um grito. Não, meu amor não podia morrer.
Eu podia aguentar que ele tivesse passado para o lado dos Volturi, mas não podia aguentar a sua morte.
Corri com meu filho nos braços até a beira do penhasco. Por pouco não cai.
— Raphael!
Ele continuou caindo - e gritando - enquanto Alec e Sophie despareciam no ar.

Raphael.

Eu caia. Caía para a morte certa. Caía para o fogo.
Sophie gritou e Alec correu para salvá-la.
Depois os dois desapareceram enquanto eu continuei caindo cada vez mais para perto da morte.
Ouvi um grito de dor e um choro alto. Eu reconhecia os dois.
Olhei para cima e os vi. As duas coisas mais importantes para mim, às únicas coisas que os Volturi não me fizeram esquecer.
Jane tinha meu filho nos braços. Quando me viu caindo ela gritou mais uma vez.
Por pouco ela também não caiu.
A última imagem que tive foi de Jane chorando sem lágrimas com meu filho aos berros em seus braços.
E então eu cai.