quinta-feira, 28 de abril de 2011

1. Metade Perdida - Livro Um

1. Metade Perdida

Fazia apenas uma semana.
Uma semana que os vampiros que nos ajudaram foram embora. Uma semana ele foi levado. Raphael, meu irmão gêmeo.
Parte de mim fora com ele, pois eu não era mais completa. Ninguém era.
Não sei como Raphael pôde se deixar levar pelos Volturi, sei que provavelmente ele deve ter lutado e ter sofrido - eu senti a dor dele -, mas mesmo assim, ele devia ter lutado mais.
Todos sentíamos falta dele. Principalmente mamãe e Jane.
Seus sorrisos brilhantes, o amor que ele sentia por todos nós, seu ombro que por tantas vezes eu usei - quando mamãe não percebia - para desabafar... Tudo foi tirado de nós.
Mamãe nunca mais foi feliz e eu sabia que ela tinha prometido a ela mesma que ia encontrar Raphael e se vingar dos Volturi. Será que não era tarde demais?
Alec disse que Aro devia ter usado Chelsea - uma vampira com poderes de criar ou afrouxar laços sentimentais entre vampiros e humanos - para ligar meu irmão a eles.
Jane não podia nem ouvir o nome Raphael, caia em prantos. Ela estava grávida, por isso as lágrimas realmente caiam de seus olhos.
Sim, eu sei que vampiros não podem ter filhos, mas Jane pôde. Carlisle disse que isso foi por causa do sêmen de Raphael, que conseguia fertilizar e mudar o DNA de vampiras - durante a gestação apenas - para que elas possam ter filhos.
Rosalie que tinha ficado esperançosa ao saber que Jane conseguira ficar grávida ficara praticamente inconsolável quando Carlisle explicou o porquê de Jane ficar grávida.
Como só havia Raphael de nossa espécie, Rosalie não ia poder ser fertilizada, ao menos que houvesse outros homens de nossa espécie por ai.
Eu estava feliz - mesmo devido às circunstâncias - por ser tia.
Minha cunhada não quis saber o sexo do bebê, por isso eu não sabia se ia ser tia de um menino ou de uma menina.
Somente Alice sabia o sexo do bebê e jurara segredo. Ela quis saber para já ir comprando tudo que ele iria necessitar.
Quando lhe perguntei se era menino ou menina ela me fitou e disse:
— Vai ser uma surpresa!
Revirei meus olhos negros para ela e implorei que ela me dissesse. Alice se recusou terminantemente de dizer qualquer coisa, por isso eu desisti e resolvi esperar.
A única fonte de felicidade de Jane era esse bebê. Eu sabia que se não fosse por ele, ela estaria totalmente destruída e pedindo para ser morta.
Eram assim os imprinting e, Jane tinha tido um tipo de imprinting vampiresco por Raphael.
E Alec por mim.
Ah... Alec!
Só de pensar nele eu via coraçõezinhos ao meu redor e uma alegria me preenchia. Como eu o amava!
Toquei meu anel de noivado que ele me dera. O anel ainda estava no bolso de minha calça jeans. Não, eu não tinha tido coragem para contar aos meus pais que ia me casar.
Mamãe não estava bem e Jacob iria surtar.
Eu me arrependia pelo modo como tratava minha mãe. Ela precisava de todo o meu apoio e eu não dera, mas agora era diferente. Eu aprendi a valorizar mais minha mãe.
Debrucei-me mais na varanda e expirei o ar que cheirava a sol e a flores. Um cheiro doce também entrava por minhas narinas. Era o melhor cheiro do mundo. Era o cheiro do meu...
— Sophi. - chamou Alec atrás de mim. - No que está pensando?
Me virei para olhá-lo e um suspiro saiu por meus lábios.
Alec era lindo. Completamente lindo com seu jeito sedutor de falar, com seus cabelos negros sedosos e com os lábios carnudos. Seu jeito de bad boy me deixava cada dia mais apaixonada.
Os olhos carmesins que me fitavam agora demonstravam preocupação e amor. Ambos os sentimentos por mim.
— Em tudo. - respondi e fui me aninhar naqueles braços fortes que me transmitiam segurança.
Recostei minha cabeça em seu peito e pude sentir sua respiração calma e nada mais.
— E esse tudo me inclui? - perguntou ele. Mesmo sem ver pude perceber que ele sorria.
— Você é o tudo. - respondi e sorri também.
Seus lábios me beijaram o alto da cabeça e seus braços me apertaram mais contra si.
Levantei a cabeça e fechei os olhos. Alec entendeu de pronto o que eu pedia e encostou seus lábios nos meus.
Nosso beijo foi primeiramente calmo, mas a urgência chegou até nós e nosso beijo foi ficando cada vez mais... cada vez mais...
Alguém limpou a garganta e eu me afastei de Alec e de seus lábios gelados que me chamavam.
Papai nos encarava furioso.
— Jacob. - cumprimentou Alec educadamente.
— Oi sanguessuga. - disse meu pai com os olhos estreitados. - O almoço tá na mesa, Sophie.
Assenti e segurei na mão de meu namorado - noivo - até a cozinha.
Jake murmurou algo ininteligível enquanto passávamos e balançou a cabeça.
Já mamãe sorriu - um sorriso triste - quando nos viu de mãos dadas. Ela estava com uma travessa de arroz nas mãos.
— Olá, Alec. - ela sorriu para ele.
Outro motivo por eu ter implicado tanto com minha mãe era que eu sabia o que tinha acontecido entre os dois. Sabia que eles tinham se beijado e que Alec a amou.
Se eu era ciumenta? A resposta é sim.
— Acho que não vai se juntar a nós na refeição. - afirmou ela e Alec concordou.
— Completamente certa, Nessie.
Eles trocaram um sorriso cúmplice, mas o de mamãe foi tão apagado quantos seus olhos castanhos.
Eu ajudei-a arrumar a mesa enquanto papai fazia a salada. A única coisa que ele sabia cozinhar.
Depois nos sentamos à mesa. Alec também se sentou do meu lado, mas a cada garfada que eu dava, ele fazia uma careta de nojo.
Ninguém conversou enquanto almoçava. Eu só olhava para Alec e ele para mim. Papai só olhava para mamãe, que por sua vez olhava para o prato cheio a sua frente, perdida em pensamentos. Pensamentos que estavam na Itália.
Eu ainda não sabia por que não tínhamos já comprado uma passagem de avião para ir até Raphael em Volterra.
Alec me explicara que os Volturi eram muito mais fortes do que nós, mesmo que tivéssemos ganhado a batalha.
Ele me disse que só saímos vitoriosos porque a guarda na verdade não era a mais forte dos Volturi, e sim aquela que eles usavam quando tinham que sacrificar alguém.
Além do mais, ele me dissera que era perigoso que os Volturi também sequestrassem Jane, por estar com um filho no ventre.
Eu entendia - em parte -, mas eu ainda queria fazê-los pagar.
Mamãe devia estar pensando o mesmo que eu, pois largou o garfo com força no prato intacto e subiu, chorando.
Eu já ia me levantando para consolá-la quando meu pai foi mais rápido e enquanto corria para o quarto do casal, disse para mim:
— Não se preocupe... eu cuido dela. Acabe de comer.
Suspirei e olhei para meu prato com frustração. Minha fome - que não era muita - tinha se esvaído com o acesso de choro de Nessie.
Doía em mim pensar que ela estava sofrendo.
Alec me puxou pela cintura e eu sentei em seu colo.
— Ah, Alec! - suspirei e encostei minha cabeça em seu ombro.
Lá mesmo eu chorei de dor e de saudade.
— Shhhh... não chore Sophie. - disse ele me acariciando os cabelos.
Mas, como eu poderia não chorar?
Meu irmão fora sequestrado e eu estava imponente, não podia fazer nada, absolutamente nada.
Alec me segurou nos braços e subiu as escadas, me levando para meu quarto.
Ele me deitou em minha cama e deitou-se ao meu lado, cantando com sua voz maravilhosa uma música que cantava desde que me segurara no colo pela primeira vez.
Olhei para a outra parte de meu quarto.
A parte de Raphael.
Estava vazia sem ele e sempre que eu a olhava me vinha uma sensação de solidão.
E de saudade. Eu queria meu irmão gêmeo perto de mim.
Minha metade perdida.
Mais lágrimas escorreram por meu rosto e me aconcheguei mais em Alec, deixando-me abraçar e ser tranquilizada.
O pôr do sol me tocou naquele momento e eu olhei para o sol, desejando que Raphael aparecesse lá fora me chamando para brincarmos como quando fazia quando éramos apenas crianças.
Enlaçada nos braços de Alec me permiti ter esperanças.

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